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ARTIGO – A clareza textual



Em texto não literário a objetividade e a clareza são essenciais, evitando construções sintáticas e semânticas que, por suas falhas, prejudiquem a comunicação. Ambiguidades, imprecisões, falácias, ausência de paralelismo sintático e semântico dificultam a possibilidade de compreensão do texto.

As ambiguidades podem vir da falta de atenção no uso de palavras que substituem outras já citadas. Ex.: O pai da moça, que viajou ontem, não sabe inglês. (Quem viajou ontem?)

Outra razão de incoerência vem do emprego de argumentos falaciosos usados para comprovar ideias. Ex.: O carro parou. Logo, faltou gasolina. Nesse caso, deixou-se de levar em conta outras possibilidades.

Para manter a coerência textual também é preciso manter o paralelismo sintático e semântico, havendo correlação entre os termos que se unem ou se opõem em um texto. Não convém fazer parte do texto de forma nominal e parte, oracional. Ex.: Visávamos a dois pontos: boa comunicação e que todos se entreajudassem. Reescrito, seria: Visávamos a dois pontos: boa comunicação e entreajuda coletiva. Ou: Visávamos a dois pontos: que houvesse boa comunicação e que todos se entreajudassem.

Quando se trabalha bem a questão da coesão textual, evita-se a confusão, a incoerência e amplia-se a condição de clareza. Um exemplo é o do uso de este, esse, aquele. Ex.: O País vai bem, mas o povo vai mal: esse é o problema. (esse refere-se ao que foi dito antes).

O problema é este: o País vai bem, mas o povo vai mal. (este refere-se ao que vem após. O uso de este em oposição a aquele, referindo-se a palavras citadas na mesma frase, merece cuidado. Vejamos: Saíram juntos pai e filho: este à procura de brinquedos; aquele, de distração.

Observe-se a frase: Estudam na mesma classe os alunos de Turismo e os de Secretariado Executivo. ……… viajarão. Se colocarmos estes, na lacuna, viajarão os acadêmicos de Secretariado. Caso se empregue aqueles, os acadêmicos de Turismo é que viajarão. Se ambos os cursos pretendessem viajar, o emprego correto seria esses.

A mãe que ensina Matemática aos filhos, em casa, é também professora. Ou: A mãe, que ensina Matemática aos filhos em casa, é também professora. No primeiro caso, só a mãe que ensina Matemática aos filhos em casa é também professora. Pelo segundo exemplo, todas as mães ensinam Matemática aos filhos em casa.

É comum ainda o raciocínio circular, quando as provas dadas significam aquilo que já se declarou, ou quando se afirma a mesma ideia com outras palavras. Ex.: As ações afirmativas

são as políticas públicas para proteger as minorias ou os grupos sociais que tenham sido discriminados no passado. São políticas do governo, por meio de leis, estabelecendo privilégios para quem represente, hoje, as consequências de nossa injusta história.

Podem advir incoerências, quando se toma como verdade irrefutável algum provérbio ou frase pronta muito repetida. Ex.: A ocasião é que faz ladrão. Essa afirmativa, tomada como verdade demonstrada, usada para justificar questões de corrupção na política, é absurda, parece justificar o erro, pelo contexto.

Enfim, escrever de forma clara é um trabalho criterioso, que exige conhecimento mais minucioso da língua materna. Por isso todo profissional das áreas empresariais e afins precisa ter sólida competência linguística e discursiva. Conhecer a língua, seus recursos, saber quando usar um gênero textual ou outros, qual o mais eficaz em cada caso. Por isso estudar comunicação e praticá-la, tanto como pessoa física como pessoa jurídica, é de especial relevo.

Indicamos, a quem quiser aperfeiçoar-se, uma obra muito interessante, a de Leonardo Teixeira: Comunicação Empresarial (RJ: FGV, 2007).



*Mestre em Lingüística Aplicada, membro da Academia de Letras do Vale do Iguaçu (Alvi), membro da Academia de Cultura Precursora da Expressão (Acupre), professora de Língua e Literatura nos cursos  de Secretariado Executivo e Comunicação Social, e presidente do Conselho Editorial da Uniuv.



Esclareça suas dúvidas. Mande sugestões para esta coluna pelo e-mail prof.fahena@uniuv.edu.br



Esse texto foi originalmente publicado na coluna Questões de Estilo, da edição impressa de 16 de outubro de 2009, do Jornal Caiçara.

por: UNIUV

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