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TIGO – Por que redação nos vestibulares e concursos, provas nacionais do Ensino Médio e do Superior?



Que medidas podem facilitar a produção de um texto dissertativo-argumentativo, como pedem, em geral, os vestibulares e outras provas? Em primeiro lugar, o estudante precisa estar atualizado, ser leitor assíduo de revistas e jornais, conversar com os adultos sobre o que ouve nos noticiários, tentando entender a realidade brasileira e sua relação com o restante do mundo, cada vez mais estreita.

A escola, durante o Ensino Médio, tem o dever de provocar conversas, debates, entrevistas com profissionais de cada área, para que o estudante tenha uma ideia mais concreta do funcionamento social, e perceba que pode, com senso crítico, propor soluções, e até colaborar para sua realização.

Bauman, sociólogo polonês, que tem analisado os tempos contemporâneos e divulgado suas ideias em obras como Amor Líquido, ou em revistas, como a Cult (ago. 2009), comenta as metáforas sobre a ação do homem no mundo. A atitude de caçador, na era pré-moderna; e a de jardineiro, na modernidade. Enquanto o primeiro é competitivo e individualista, o segundo planeja, imagina, planta, cultiva seu jardim. É entre os jardineiros que surgem as utopias, a esperança e a confiança no poder humano de transformação da realidade.

Conforme esse autor, “precisamos sempre tentar a difícil tarefa de detectar um jardineiro que contemple a harmonia preconcebida para além da barreira de seu jardim privado.”

Na escola também não basta o professor de Língua Portuguesa querer, sozinho, formar leitores e produtores de textos. Precisa trabalhar a longo prazo, com cuidado e planejamento, junto com os demais atores de seu meio. Nesse caso, não há lugar para descrença na utopia, mas para a confiança no potencial humano a ser desenvolvido. Por utopia entende-se meta distante, mas atingível, e, não, impossível, ilusória, como hoje se pensa.

Seria forçar demais, pensar que, com esforço, pais e professores podem tornar seus filhos bons leitores, curiosos, indagadores, reflexivos? E isso começando nas séries iniciais, continuando de 5.ª a 8.ª séries e completando no Ensino Médio? Ao chegar na Universidade, o trabalho intelectual, mesmo que exigente, seria um prazer. Leituras complementares, comparações de textos, tudo é interessante para o crescimento estudantil. E pensar que somos estudantes a vida toda!

As produções textuais dissertativas são o gabarito mais preciso da verificação dos conhecimentos, habilidades de raciocínio, de sintonia com o contexto, e de uso da língua. Nos atuais vestibulares e outros exames, em concursos, os temas têm sido polêmicos, e são pedidas, além do posicionamento perante o assunto, sugestões de solução para questões, como a do aquecimento global; da inclusão de gênero, raça ou de minorias; a questão da insegurança ou violência; mortes no trânsito; ética na política ou em todas as esferas da sociedade organizada, etc.

Quem costuma ler tem conteúdo, já refletiu sobre esses assuntos e, com o pensamento positivo e a proatividade de um jardineiro, pode imaginar-se realizando as mudanças possíveis e propostas por ele.

Por isso todo professor é conclamado a unir leitura de textos e leitura de mundo, e a dialogar seriamente sobre o contexto sociocultural, econômico, político, filosófico, religioso, político, entre outros aspectos, em que vivemos. Todas as disciplinas podem ajudar a formar o estudante responsável, que sente seu compromisso com o mundo em que vive, e no qual vai aplicar sua carreira profissional, seus sonhos de vida, sua realização pessoal e coletiva. Um mundo mais florido, saudável, e harmonioso para todos.

Como se percebe, quem leu muito, além de saber dos fatos, aprendeu a expressá-los e domina a linguagem, porque o bom texto contém a gramática aplicada, de onde se inferem as múltiplas possibilidades de representação do pensamento. Mas paralelamente vai-se formando a identidade da pessoa dialogante e participativa – formando uma atitude adequada à juventude que hoje frequenta as escolas de todos os níveis de ensino/aprendizagem.



*Mestre em Lingüística Aplicada, membro da Academia de Letras do Vale do Iguaçu (Alvi), professora de Língua e Literatura nos cursos  de Secretariado Executivo e Comunicação Social, e presidente do Conselho Editorial da Uniuv.

Esclareça suas dúvidas. Mande sugestões para esta coluna pelo e-mail prof.fahena@uniuv.edu.br

Esse texto foi originalmente publicado na coluna Questões de Estilo, da edição impressa de 11 de setembro de 2009, do Jornal Caiçara.

por: UNIUV

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