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ARTIGO – Palavras especializadas

 

Toda ciência estabelece o objeto de seus estudos e cria uma linguagem para conceituar os elementos e fatos estudados, conhecida como a terminologia específica, adequada aos contextos daquela ciência. Além das palavras tradicionalmente conhecidas, vão surgindo novas, à medida que a ciência evolui. Assim, conhecem-se hoje termos novos, como hardware, células-tronco, sustentabilidade, genoma, twitter.

Existe até a ciência que organiza uma metodologia de estudo da linguagem técnica, chamada Terminologia, a que corresponde Terminografia, com a produção de dicionários técnicos.

Os vocábulos técnicos também têm seus equivalentes populares, o que se percebe no nome de doenças, ditos por médicos ou por leigos no assunto: água no pulmão (derrame pleural), catapora (varicela), nó nas tripas (diverticulite), amarelão (icterícia), pontada (pneumonia), barriga d’água (esquistossomose). Assim também ocorre com nomes de plantas, de peças de carros, e outros. Exemplos de nomes populares de plantas: lírio do campo (amaryllis), canela (aniba desertorum), araticum (annona), malmequer (calendula officinalis).

E a criação de dicionários terminológicos para as disciplinas como Biologia, Matemática, Física, facilitaria a compreensão dos textos e problemas propostos na escola. Os próprios alunos, desde as séries iniciais, até o Ensino Médio poderiam ir criando seus glossários, e aperfeiçoando-os, no decorrer de seus estudos, pois a dificuldade de compreensão dos textos implica dificuldade no domínio das verdades da ciência. Para aprofundar o conhecimento de uma área, é preciso possuir, reunido, o código dessa área. Por isso os bons livros trazem glossários, ou índices remissivos para consulta. É preciso despertar a atenção do estudante para a importância de ir ampliando seu vocabulário especializado, em todas as áreas do conhecimento, por isso, um bom dicionário deve estar sempre a seu alcance.

Assim, por exemplo, para estudo do discurso, há um livro chamado Os Termos-Chave da Análise do Discurso (Lisboa: Gradiva, 1987), de Dominique Maingueneau. O estudo dessa obra facilita a compreensão da Comunicação. Sua finalidade não é dar definições corretas, mas precisar o sentido dos principais termos em uso nas publicações da especialidade. Podemos dizer como Chico Buarque de Hollanda: “Tudo que é ligado à palavra me interessa”. E Lindolf Bell:



“A palavra não é nebulosa estrela.

Sequer desarticulada ilha de afinidades.



Estopim aceso, sim, águas de inquietação,

A palavra não é jogo de dados.

Jogo de dúvidas, sim, dádivas,

Dardos envenenados de selvagem silêncio.



Por um fio a palavra é prata.

Por um fio a palavra é pata de cavalo.

Por um fio, ato de injustiça.

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A palavra

Que se reveste de linho real

Na linha real da vida:

Enfermidade,

Efemeridade.” (O Código das Águas)



*Mestre em Lingüística Aplicada, membro da Academia de Letras do Vale do Iguaçu (Alvi), professora de Língua e Literatura nos cursos  de Secretariado Executivo e Comunicação Social, e presidente do Conselho Editorial da Uniuv.

Esclareça suas dúvidas. Mande sugestões para esta coluna pelo e-mail prof.fahena@uniuv.edu.br

Esse texto foi originalmente publicado na coluna Questões de Estilo, da edição impressa de 28 de agosto de 2009, do Jornal Caiçara.

por: UNIUV

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