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ARTIGO – Falar ao coração



Quando falamos com crianças, precisamos ser muito expressivos, falando com emoção, linguagem corporal e tons de voz adequados ao assunto. Os olhos, a boca, a face, as mãos, o corpo, tudo fala.

Se o assunto for uma história fantástica, melhor ainda, é seu clima psicológico favorito. E o falante terá os ouvintes plenamente sintonizados.

Aos adolescentes, para falar-lhes ao coração, é preciso ter argumentos fortes, exemplos, imagens, além dos recursos próprios de expressão. Para conquistá-los, o uso de uma linguagem em moda entre eles, alguma gíria, fatos que os comovam e os atinjam, de certa forma. Uma brincadeira, uma ironia são bem acolhidas.

É preciso falar ao coração até do adulto, pois ele não é só razão. Seu lado emocional também quer ser cativado. Pessoas experientes, como Heródoto Barbeiro, jornalista e escritor, apresentador do Jornal da Cultura e do Jornal da CBN, dão seu depoimento de que para ter toda a atenção de ouvintes adultos é preciso, antes, que o líder aprenda a controlar suas emoções, para, depois, falar com sinceridade, sem arrogância, sabendo bem o objetivo daquele discurso.

A prática, a persistência no aprimoramento de sua arte de falar em público, vão, aos poucos, gerando desinibição e habilidades especiais para o emprego do bom humor, da linguagem corporal, das palavras adequadas ao momento. Para Barbeiro, não há liderança sem saber falar bem em público.

Para haver essa correlação cognitivo-afetiva, que passe ao adulto a satisfação de ouvir a mensagem dada e que essa mensagem permita-lhe reflexão posterior, capaz de levá-lo à ação, o orador precisa conhecer bem o assunto, trazer novidades sobre ele, ter seu posicionamento e argumentos, dados estatísticos, exemplos, não abandonando o foco da conversa.

O planejamento do discurso prevê tanto conteúdo quanto forma, tudo adequado ao gosto do público, empolgante, criativo, fruto de sua elaboração mental, não plágio, nem mera leitura.

Esses dias, ouvi uma pessoa falando na rádio, sobre a operação angustifolia, que temporariamente fechou empresas: “É uma nova enchente de 1983.”. Essa frase cai na mente do ouvinte como uma grande pedra no lago; lembra pobreza, horror, angústia, e faz pensar nos operários que conhecemos, trabalhadores de madeireiras da região. Sem querer, sentimo-nos massacrados, compungidos, indefesos ante uma calamidade. Assim pronuncia-se um bom orador. E os efeitos de sentido continuam ecoando em nós.



*Mestre em Lingüística Aplicada, membro da Academia de Letras do Vale do Iguaçu (Alvi), professora de Língua e Literatura nos cursos  de Secretariado Executivo e Comunicação Social, e presidente do Conselho Editorial da Uniuv.

Esclareça suas dúvidas. Mande sugestões para esta coluna pelo e-mail prof.fahena@uniuv.edu.br

Esse texto foi originalmente publicado na coluna Questões de Estilo, da edição impressa de 5 de junho de 2009, do Jornal Caiçara.

por: UNIUV

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