Notícias

Inicial 9 Notícia 9 ARTIGO – Pastor de Estrelas

ARTIGO – Pastor de Estrelas

“Ainda que se tenha o amor cantado

de infinitas maneiras diferentes,

ao meu amor darei melhor cuidado

entre versos e risos inocentes…”

Essa é a primeira estrofe de um poema que, de certa forma, lembra Camões, porém é de Manoel Claro, poeta curitibano de berço, mas que viveu muito tempo em União da Vitória, tendo sido militar e professor. Atualmente é médico e trabalha no Programa Saúde da Família, em Ponta Grossa.

Pessoa radiante, plena de amor à humanidade, que transborda sensibilidade no relacionamento pessoal, na gratuidade do servir, e em seus poemas. De um Pastor de Estrelas (2007) é uma coletânea de todas as suas obras poéticas.

Em Encantamento, encontramos a personificação da natureza, numa alegoria fantástica, com imagens muito raras, que agradariam, com certeza, ao mestre em poesia, Jorge Luís Borges.

“Acordei de madrugada

e fui beber o espírito das coisas.

Primeiro,topei com a Lua grávida,

Que passou a noite inteira

Encerando com luz o chão da Via Láctea.

Banhou-se na claridade da manhã

E permaneceu comigo, discreta e cansada,

Olhando o mundo acordar.

Depois veio o Sol, a começar o dia,

Pendurando casaco da noite no Ocidente.

Com muito cuidado e habilidade,

Foi tricotando depressa

Com fios dourados e vermelhos

As franjas do céu.”

E continua personificando o “mar cansado de longos vaivéns”; as “fofas nuvens brancas […] engordando cada vez mais”; entre moitas “um riacho rezava o terço, com as pedras da correnteza.”

Muitos poemas têm um tom religioso de aconselhamento para a prática do bem e da cidadania. São os poemas de um livro de sabedoria de vida, que se prestam à meditação e à prática.

Investimentos é um poema que faz um paralelo com o mercado das Bolsas de Valores, tratando, porém, de sentimentos. “Na Bolsa do Coração/ inflacionei meus sentimentos/ pelas altas taxas de juros/ que o bem-querer paga hoje em dia.”

Lirismo, inquisições existenciais, fé em Deus, princípios positivos de vida (voltados diretamente ao leitor) preenchem como estrelas as 404 páginas da obra. Pelo grande número de sonetos, e pelo tom dialogante, podemos aproximar Manoel Claro de Olavo Bilac. Ambos apresentam muito intimismo amoroso. E, enquanto Bilac canta o civismo, Claro canta a ética, o caráter íntegro, a luz interior capaz de gerar esperança e ação.

“Sê tu quem mostre, meu amigo,

perante o mundo conturbado,

o coração desassombrado,

e muita fé ante o perigo.”

“Ninguém cresce por dentro sem raízes:

repete uma lição quando precises;

reconsidera sempre! Aprende e cresce!”

A leitura de “De um Pastor de Estrelas”, ótimo presente para jovens e adultos, realiza o veredito de Castro Alves: “Oh! Bendito o que semeia livros…livros à mão cheia…E manda o povo pensar!O livro caindo n´alma/ É germe – que faz a palma,/É chuva – que faz o mar.”

O endereço do autor para correspondência é:

Caixa Postal 238 – Ponta Grossa – PR

84 001 – 970

*Mestre em Lingüística, Pró-Reitora de Extensão e Cultura, Professora Assistente e Presidente do Conselho Editorial do Centro Universitário de União da Vitória (Uniuv), e membro da Academia de Letras do Vale do Iguaçu (Alvi).

Esclareça suas dúvidas. Mande sugestões para esta coluna pelo e-mail prof.fahena@uniuv.edu.br

Esse texto foi originalmente publicado na coluna Questões de Estilo, da edição impressa nº 1.985, e na edição on-line nº 485 do Jornal Caiçara, de 7 de março de 2008.

por: UNIUV

Shares

0 comentários

Categorias

Arquivo