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ARTIGO – A Condição Humana



Olhamos para o céu e o vemos azul e a linha do horizonte ligando o céu à terra. Sabemos que nossas percepções nos enganam e que nossas idéias também podem nos enganar. Somos seres complexos; temos vários tipos de inteligência, de emoções, fantasia, criatividade, intuições, vontade, valores…

Por isso, para elaborar o conhecimento, há todo um processo de religação, se pensarmos que estudamos as disciplinas muito separadamente. Religar a ciência com a humanidade, religar as questões a partir do ser humano, em seus aspectos biológico, psicológico e social.

Isso nos permite contextualizar e refletir e tentar integrar nosso saber à vida. Lembrando, ainda, que algumas coisas permanecerão na incerteza, não serão comprovadas pela lógica. Daí a importância de se valorizar a fraternidade, a liberdade e a criatividade.

Se nos especializar-nos apenas em um aspecto do saber, sem nos preocuparmos com uma visão mais englobante e universal, multicultural, transdisciplinar, teremos uma inteligência pequena. Precisamos pensar e meditar sobre o que vemos, ouvimos ou lemos; sobre as experiências por que passamos, mas sempre com o homem, ser complexo, como eixo desses pensamentos.

Quantas coisas absurdas acontecem, hoje, nas cidades grandes, por exemplo, que não parecem nem um pouco racionais. São irracionais. O estilo de vida a que as pessoas se submetem para sobreviver no trânsito, no trabalho, na família.

Contextualizar o saber é torná-lo pertinente. Contextualização global, geográfica, histórica, entre o todo e as partes e entre as partes e o todo. Não adianta ampliarmos apenas a quantidade das informações. Elas, esparsas, nos enganam de que sabemos muito, mas é pura confusão e superficialidade. Sem o trabalho de organização mental, fruto da reflexão, da criação de laços entre informações, não se gera um conhecimento válido, ligado à realidade.

Nesse ponto é bom lembrar o valor da literatura, para ligar e religar informações. Ela mostra a condição humana, no contexto histórico, geográfico, ideológico, econômico. Fala de vidas humanas, paixões, emoções, sofrimentos, alegrias, relações diversas com as outras pessoas e com a história. A poesia nos ensina muito a compreender o outro, ela é vida.

É muito interessante, para quem quer ser culto, estudar não só obras científicas. Nada melhor que cultivar alguma arte e ler poemas e romances (de bons autores). A empatia nos permite deixar de ser individualistas, e os livros, filmes, peças teatrais, artes em geral, ajudam a colocar-nos no lugar do outro, a viver suas emoções, e a universalizar valores. Vivemos a era planetária; o nosso desafio é nos confrontarmos com nosso destino planetário, como diz Edgar Morin.

Pertencemos ao gênero humano, somos indivíduos e parte da sociedade. Temos que desenvolver nosso ser individual, nossa responsabilidade e nossa participação ética na sociedade. Seremos cidadãos plenos, responsáveis e solidários, com direitos solidários.

Para tudo isso, a esperança poder ser a educação do pensamento complexo, segundo Morin. No mesmo sentido, Hamilton Werneck afirma “que o que está sendo perdido é o afeto e o saber, pela falta de ligação. E que “o maior saber deve corresponder ao maior afeto e sensibilidade diante do mundo e de suas angústias.” Como estamos em início de ano letivo, é oportuna essa reflexão.



*Mestre em Lingüística Aplicada, membro da Academia de Letras do Vale do Iguaçu (Alvi), professora de Língua e Literatura nos cursos  de Secretariado Executivo e Comunicação Social, e presidente do Conselho Editorial da Uniuv.



Esclareça suas dúvidas. Mande sugestões para esta coluna pelo e-mail prof.fahena@uniuv.edu.br



Esse texto foi originalmente publicado na coluna Questões de Estilo, da edição impressa nº. 2.027, e na edição on-line nº. 527 do Jornal Caiçara, de 30 de janeiro de 2009.

por: UNIUV

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